Thursday, March 29, 2007

Pernoitei na ilha dos amores

Naquela noite ancorei o meu barco a uma ilha
Que insolitamente se desenhou no meio de um oceano sem fim.
Sem demoras, sem hesitações,
Os meus pés tocaram a areia ainda quente do sol.
A vegetação era densa e a cornucópia de flores e frutos
Dilatavam-me as pupilas.
O som dos pássaros e o rumor da água de uma ribeira próxima
Entravam-me pelos ouvidos em forma de música.
Inebriada com o que me rodeava
Envolvi-me numa dança de suaves mimos
Que me despertaram os sentidos.
Caí inadvertidamente junto ao mar
E, então, levou-me uma onda sem eu esperar.
Ai que saudades ficaram,
Mas mais que as saudades,
Guardo a doce dádiva de te encontrar.

Lisboa, 29 de Março de 2007

Carla Mondim

Wednesday, March 28, 2007

Não existe tempo para esperar

A vida é um bem precioso
Que nos escapa por entre os dedos
Como a mais fina areia.
Quero por isso vivê-la
Como quem sorve sedento uma gota de água.
Quero prestar-lhe honras diárias
Sem me perder no queixume que dela me alheia .
Não me quero opor a ela, nem a quero culpar.
Quero na minha existência Ser e Estar,
Ser protagonista e evitar apenas olhar
para o filme que está a passar.
Nem sempre a compreendo,
Mas reconheço a dádiva que representa.
E por isso, permanecerei em cena
Até ao último acto.

Lisboa, 28 de Março de 2007

Carla Mondim

Tuesday, March 27, 2007

Quero Beijos na Alma

Quero beijos na alma,
Que me curem do mal que padeço.
Preciso do calor de um beijo
que me envolva na mansidão de um afago.
Quero um beijo na alma sem ter que o pedir,
Sem ter que o reclamar.
Quero senti-lo sem esperar,
Quero saboreá-lo com surpresa.
Quero um beijo na alma
E outro e outro…

Lisboa, 27 de Março de 2007


Carla Mondim

Monday, March 26, 2007

O cume da montanha

Numa escalada determinada
Em direcção ao cume da montanha
Saboreio, com suor no rosto, a paisagem que se desenha à minha frente.
Não me detenho mais com ela,
Tenho um objectivo maior
Que é atingir o topo que me promete o descanso.
Agarro-me com afinco às saliências da rocha
Para não cair desamparada.
Sinto os braços cansados,
Mas ainda assim continuo o meu caminho.
Olho para cima e vejo onde quero chegar.
Mais um esforço, um pouco mais de empenho
E sei que estou perto.
Desafio os meus limites, esmoreço e retempero-me
Com a aproximação.
Mais um esforço...estou a tocar-te,
E apercebo-me que é ilusório o cume da montanha,
Sem fim.
A escalada continua e o que me parecia pensar chegar a ti,
Está cada vez mais longínquo.
Ainda não te consegui alcançar...
Na vida, sucedem-se até a morte os cumes da montanha.


Lisboa, 26 de Março de 2007

Carla Mondim

Wednesday, March 21, 2007

Chamam-lhe Primavera

É com alegria que a recebemos...
Traz-nos o sabor ameno do sol a tocar-nos o rosto,
Desenha-nos o sorriso espontâneo nos lábios,
Anunciando o canto despreocupado dos pássaros.
As flores desabrocham vaidosas
pintando um quadro de muitas cores.
É o doce refresco que nos invade
E que reacende a alegria de existir
Apenas para contemplar.
Vem devagar, devagarinho,
Sempre tímida, mas confiante
Das belas emoções que consegue despertar
Até nas almas mais avessas a amar.
Chamam-lhe Primavera...
Eu, recebo-te sem te chamar.

Lisboa, 21 de Março de 2007


Carla Mondim

Tuesday, March 13, 2007

Tocando o infinito

Espero, olho na tua direcção.
Fico imóvel, espero...
Olho para além da linha do horizonte.
Já não espero, transporto-me para mais além,
Rasgo as fronteiras físicas.
O meu corpo está aqui, mas eu já não estou,
Já não me comporta, não me contém.
Sou livre e sobrevoo o espaço ilimitado.
Liberto-me da prisão que me encerra dentro do corpo.
O todo contem-me e eu contenho o todo.
Sou livre e toco o infinito.

Lisboa, 13 de Fevereiro de 2007

Carla Mondim