Friday, November 23, 2007

Espírito de Natal

O país vai mal
Entretanto chega o Natal
Falta o dinheiro para as 300 prendas
Está tudo pela hora da morte
É preciso assaltar uma caixa-forte
A cidade está enfeitada
Orgulhosa e engalanada
Fazem-se mil compras a crédito e por empreitada

Tanto papel, tanto laço
Tantas caixas cheias de tudo
Tantas mãos cheias de nada
Tantas almas feridas por uma espada
Tanta luz, tanto glamour
Tantos olhos exprimindo tristeza
Tanto frio e céu cinzento
Além, um coração morno e uma estrela no firmamento...


Lisboa, 23 de Novembro de 2007-11-23

Carla Mondim

Saturday, November 17, 2007

I was born under a wondering star

Looking at the sky
For some answer in the stars
Looking to the smooth shine
For some peace in the heart
Looking always up
For some sense in life
Looking in the dark
For a lost dream
Looking in the sky
For you.

Lisboa, 16 de Novembro de 2007

Carla Mondim

Thursday, November 15, 2007

Silêncio

Quero calar em mim
O ruído de baixa frequência
Que não é audível,
Mas que perturba.
Quero calar em mim
A ânsia de abraçar o mundo
Com o instinto maternal
De quem vê o filho a sofrer.
Quero calar em mim
Esta fúria de quem se depara
Com um aglomerado baço de valores.
Quero calar em mim
O desejo de pintar o mundo de amor.
Quero calar em mim
O pensamento que me corrige o instinto.
Quero calar em mim
A impaciência, a inquietação
de quem sente um coração a chorar solidão.
Quero calar em mim
O ímpeto de redesenhar a realidade.


Lisboa, 15 de Novembro de 2007

Carla Mondim

Sunday, November 11, 2007

Só de raspão

Não me firas no coração,
Fere-me só de raspão.
Não me mintas com palavras,
nem me faças promessas.
Não te despeças de mim
como quem vai de viagem.
Diz-me adeus para sempre
Sem olhares para trás.
Sei que tudo é fugaz
como a vida no momento
em que a morte te reclama,
Em que a chama se apaga,
Em que se eclipsa o luar
No céu onde as estrelas não estão.
Não me firas no coração,
Não me jures amor.
Vai-te embora,
Fere-me só de raspão.

Lisboa

Carla Mondim

Saturday, November 3, 2007

Estar sem tempo

Do meu quarto vejo o mar
Estico as asas brancas
Chegou a hora de voar
Lá bem alto beijo o céu
Rodopio
Sou livre agora
Quero num instante beber o frescor
Da liberdade
Do estar sem tempo
Volto-me para dentro
E vejo o meu jardim interior
Sorris-me nos olhos e dás-me a mão para brincar
Descalços a sentir a terra sou leve como o ar
O som da ribeira acalma
Chamam os passarinhos a alegria
E brilha uma luzinha onde está o coração.

Lisboa, 3 de Novembro de 2007

Carla Mondim