Wednesday, May 30, 2007

Cores e Sabores

Apetece-me fruta madura.
Morangos de vermelho vivo,
Cerejas púrpuras e mangas alaranjadas.
Sinto o cheiro da meloa que me inebria,
E agora são os damascos que me prendem a respiração.
Apetece-me...
Bate-me forte o coração!
Apetece-me um pouco do verde do quivi,
Do amarelo do pêssego e do branco do coco.
É isto fome?
Não, é sinestesia!

Lisboa, 30 de Maio de 2007

Carla Mondim

Sunday, May 20, 2007

Vento

É início de tarde e
O sol distingue-se tímido no meio das nuvens.
Então, sinto a rebeldia do vento a bater forte lá fora.
Está inconformado, palpita inquietação no seu uivar.
Sinto-o agora frio a atravessar-me a pele.
É curiosa a sensação que me desperta -
Refresca-me.
Abandono-me nesse sentir
Como um animal em cativeiro
Que em noite de trovoada, deixa o seu refugio
Para receber a tempestade com todos
Os seus sentidos em alerta.
E o vento, aparentemente incontrolado,
Traz consigo a tranquilidade
Que ternamente me vem beijar.

Lisboa, 20 de Maio de 2007

Carla Mondim

Monday, May 14, 2007

Terra

A vida desponta da Terra
Nas mais variadas formas.
A sua visão é forte, mas
Suave no pormenor das suas linhas.
É de cores quentes e cores vivas,
Contrastando com o azul bebé do céu.
As árvores estendem orgulhosas
Os seus ramos recebendo o
Sol e a chuva, o orvalho e o vento.
E as rochas, inertes ao seu lado,
Transmitem robustas
A força da natureza.
O meu olhar fica preso
Nos seus encantos
Horas perdidas,
Sem fim ...


Lisboa, 14 de Maio de 2007

Carla Mondim

Wednesday, May 9, 2007

ON/OFF

Acende-se uma luz ao fundo do túnel,
Nasce uma esperança no coração.
A meio do caminho a luz desvanece-se
e acabas por tropeçar inadvertidamente.
Ficas quedo, ouves a tua respiração tal é o silêncio.
Está escuro e pedes ajuda.
Ao longe, uma luzinha trémula parece reacender-se.
Caminhas sem olhar para trás
num passo enérgico e vivo.
Apaga-se a luz, refreias o passo ofegante,
quase que cais...
Ergues-te trémulo, pouco confiante,
inicias com inércia o caminho tacteando.
Nenhum sinal da luz.
e então, ela acende-se!
Não, apaga-se...acende-se?
Fechas os olhos, esqueces os sentidos
e segues o teu caminho confiando no instinto.

Lisboa, 09 de Maio de 2007

Carla Mondim

Wednesday, May 2, 2007

Ode à morte

Porque se chora quando a morte
Carrega em seus braços um ente querido?
Porque não se agradece
Quando ela traz o descanso de uma vida
vivida com lágrimas no rosto
e o sofrimento escrito num semblante
que questiona o sentido da vida?
A vida, sabemos todos, oferece-nos,
Como um alucinogénio, sorrisos soltos
Nos intervalos dos momentos vividos
Com o coração a desejar bater mais forte
Até à exaustão.
O que queremos todos?
Não é paz, descanso e tranquilidade?
Faça-se uma ode à morte,
Festeje-se a sua aproximação
Em regozijo e felicidade transbordante.
A vida é o caminho tortuoso que nos conduz
Ao descanso da alma.
Porque se representa a morte
Como um cadáver vestido de negro,
Quando é na verdade
Uma entidade envolta em suavidade que
Nos traz o troféu
Da batalha a que chamamos vida?
Viva-se a vida, mas festeje-se a morte!

Lisboa, 02 de Maio de 2007

Carla Mondim