Wednesday, September 26, 2007

Portugal do salamaleque

“V.Ex.a, como vai?”
“O Dr., como se sente?
“Sr. Eng., mas que ar excelente!”
É indigesta a hipocrisia,
O peso da lisonja asfixia.
Tenho horror do servilismo
Pior que o despotismo,
Do que a prisão e a tirania!
A adulação é maçadora,
Mas que coisa perturbadora!
Quero um sorriso franco,
Um aperto de mão leal, sincero,
Um “bom dia” espontâneo, vero!
Por tudo isso e mais espero!

Lisboa, 26 de Setembro de 2007


Carla Mondim

Monday, September 24, 2007

Voo da águia

Horizonte.
Azul celeste.
Corre-me o suor na fronte.
Sou águia no voo sereno
Entre os montes.
O rio é o espelho do sol
De cristais vivos
A acenar-me.
O olhar fita confiante
Mais além.

23 de Setembro de 2007

Carla Mondim,

Saturday, September 22, 2007

SER

Transcendo,
Levito
Sobre o corpo apaziguado
Sigo o caminho.
Não hesito,
Insisto,
Permito
Ser luz.

Tuesday, September 18, 2007

Primado da vontade

Enquanto existir vontade
Não esmorece o espírito na senda da verdade,
Não escorre a lágrima no rosto sofrido,
Não grita o coração ferido,
Porque a vida é injusta.
Enquanto existir vontade
Estendem-se as raízes no deserto
Que extraem do âmago da terra
A seiva que alimenta,
E o céu é perto.
Enquanto existir vontade
Bate vida no meu peito,
Ergo o meu corpo do leito
Doentio, febril, que aprisiona.
Enquanto existir vontade
Existirá obra, criatividade!


Lisboa, 18 de Agosto de 2007

Carla Mondim

Monday, September 17, 2007

À bolina

Mar revolto,
Em correntes envolto,
Viva energia,
Tempestade fria,
Céu cerrado,
Sem a meiga luz das estrelas,
Sem o teu afago.
Barco à bolina,
Não me vence a fadiga,
Não me liberta o fado
Do destino interrogado.

Wednesday, September 5, 2007

Húmus

Sou planta sem raízes.
Rogo alimento
Às palavras, às formas, às cores,
Aos sons que me enchem de sabores,
Que me livram do sofrimento
Do niilismo, do nada no vazio.
Os pulmões cheios de fastio
Inspiram longamente
Na busca premente de vida.
Aqui e ali pontos de luz,
Ténues, cadentes...
Sorvo sofregamente
Uma ideia que me nutre.
Agora sou alma viçosa,
Rosa graciosa,
Até que estenda novamente os braços
Para receber o húmus do espírito.


Lisboa, 05 de Setembro de 2007

Carla Mondim

Monday, September 3, 2007

O mundo do tempo

Limite
Barreira
Constrangimento
Fronteira
Agonia
Prisão.
O tempo - uma maldição...


Lisboa, 03 de Setembro de 2007

Carla Mondim