Sunday, April 22, 2007

A metafísica do amor

O amor é um estado de graça,
Ou o veiculo que te precipita
Inexoravelmente no seio
Da desgraça?
É verdade que o amor
Te toca com a magia
Que te faz olhar para o mundo,
Descobrindo e interpretando,
Nos mais pequenos detalhes,
A perfeição das coisas.
O amor transforma-te numa pessoa melhor.
É tolerante, é vivo e
Funciona, até, como um calmante,
Que te permite ultrapassar com suavidade
Os níveis de maior dificuldade
Do vídeo game chamado vida.
Mas depois, o amor tem a outra face:
A que te magoa e deixa feridas,
A que põe fim a um enlace,
Que previas intemporal.
E para apagar a dor,
Chegas a pensar que tens que apagar
Esse amor dentro de ti.
E como em tudo, fecha-se um ciclo
E inesperadamente revive-se a alegria e depois a dor.
Este é o amor egoísta.
Mas existe o amor livre e desprendido,
Que te liberta da ansiedade do esperar
E da avidez do cobrar
Mais um beijo, mais um abraço.
Então, o amor traça um caminho até ao outro
E um dia regressa a ti,
Por distintos caminhos - por actos,
Por palavras e sorrisos
Vindos de alguém.


Lisboa, 22 de Abril de 2007

Carla Mondim

Thursday, April 19, 2007

Le paradis

Je le cherche toujours
Comme se cherche un trésor.
Je veux être en paix
Et je veux reposer
Dans le recouvrement
De ses bras.
C’est vrai - celle chose que je cherche,
Elle n’est pas d' ailleurs
Que dans mon coeur.
C’est seulement nécessaire
Attendre que la douleur disparaisse
Et retourner à vivre
En regardant l’horizon.


Lisboa, 18 de Abril de 2007


Carla Mondim

Monday, April 16, 2007

From very far away

I want to kill the pain I feel inside,
I want to look the sky
And draw a smile.
I don’t want to suffocate in the sorrow,
I just want to bring the sun in my heart
And share it with all.
Forgive me all the grief I made you pass
‘Cause I already buried
the anguish I walked through.
If I could, I would
Kiss your soul
To close your wounds,
But I hope that my tears
Will smooth your pain.
And that my tenderness
From far away
Will become easy your path
To a life of fondness and unspeakable joy.


Lisboa, 16 de Abril de 2007


Carla Mondim

Friday, April 13, 2007

Onde Anda a Felicidade?

Todos a perseguem, a anseiam
E procuram.
Há momentos em que a julgamos encontrar
E outros em que começamos a duvidar
Se é de facto possível alcançar.
"Em verdade vos digo" :
que a julgo poder achar
em cada um, como a semente
que é obrigatório regar.
E olhando para dentro
aparece escrita no rosto,
nos olhinhos a dançar,
como a querer brincar
com vontade de abraçar
a vida.
A felicidade "tá na cara" -
(Re)Nasce em ti, espelha-se num sorriso e
dissipa-se no ar.


Lisboa, 13 de Abril de 2007


Carla Mondim

Thursday, April 12, 2007

F, f, f.

O trânsito é de loucos,
O trabalho anima poucos.
O desporto exige o tempo que não se tem,
As plantas a atenção que nos falta,
A casa uma rotina de manutenção.
Sim, e depois os amigos também requerem a nossa atenção...
As actividades de maior elevação espiritual
Também solicitam uma hora na nossa agenda
E depois há que ler as notícias do dia,
O livro da moda e ver o filme que “eu não perderia”.
E claro, há que formar uma opinião,
Com ou sem razão, bem ou mal fundamentada,
Mas enfim, ter sempre uma ideia acabada
Da última polémica do dia.
F, f, f…
“F” de quê?
E então replicam os meus hirsutos amiguinhos
- " “F" de quê?! "F" de frenesim, pois então! ;) "


Lisboa, 12 de Abril de 2007


Carla Mondim

Wednesday, April 11, 2007

Ron-rons

No regresso a casa, mais ou menos tardio,
De um dia mais ou menos sombrio,
Sou recebida sempre com muito calor,
Com muito miminho...
Por quem não se cansa de dar,
Nem sequer de esperar
Por mim.
Enterneço-me na sua companhia,
Animo-me na sua alegria,
Aconchego-me no seu carinho
E digo baixinho – obrigada por estarem sempre aqui!

Lisboa, 11 de Abril de 2007


Carla Mondim

Sunday, April 8, 2007

Descansando no ombro da solidão

O céu está cinzento,
Mas já não chove.
Está sombrio o horizonte,
Mas a névoa dissipou-se.
O mar está de negro vestido,
Mas a tempestade passou.
Estou triste como o tempo,
Mas o meu olhar já não te procura ansioso.
A solidão é a minha companheira,
mas o meu coração bate no ritmo certo
De quem vive, sem estar arrependido,
De não ter tentado.


Lisboa, 8 de Abril de 2007

Carla Mondim

Tuesday, April 3, 2007

Ignição

No meio da escuridão
Acende-se um fósforo,
Abre-se uma janela,
Desenha-se um caminho.
Não é plano ou linear,
Tem curvas e contracurvas,
Há rochas e montanhas a vencer.
A vegetação é densa e os espinhos
Magoam-me os pés descalços.
O sol e a chuva acompanham-me na viagem,
O vento empurra-me para trás e
O frio da noite dá lugar ao calor da manhã.
O caminho estende-se à minha frente
Até ao limite que os meus olhos conseguem alcançar.
Não paro, jamais...
O cansaço está escrito no meu rosto,
Mas a vontade de chegar a um porto seguro
Tudo suporta, tudo vence, tudo conquista.
Rasgo o limite e acende-se outro fósforo....

Lisboa, 3 de Abril de 2007

Carla Mondim