Wednesday, July 4, 2007

Asas

Passarinho na gaiola
Deixa-me ser tua amiga.
Quero beijar-te a ferida
Que tens inscrita nas asas.
Aceito a tua mágoa
Em troca de uma melodia
Como se voasses sem barreiras
Sobrevoando a água refrescante das ribeiras.
Passarinho na gaiola,
Deram-te um cativeiro pesado
E a olhar para o lar amado
Cantas triste o teu fado.
E ao cantar, sentes as asas a esticar
levantando voo no teu pesar.
Passarinho na gaiola,
a tua casa é o mundo.
Liberto-te passarinho - És livre!
Já só vejo o desenho das tuas asas lá ao fundo...

Lisboa, 04 de Julho de 2007

Carla Mondim

4 comments:

Francisco Sarmento said...

És a pessoa que conheço que mais gosta de animais. Considera-los elevados, com corpo e alma, com direito à dignidade, como nós. Acho isso um sinal de civismo. Felizmente um dia a sociedade será um pouco mais como tu.

É um poema de amor e liberdade, mas o que me surpreendeu mais foi a forma: é o poema com a musicalidade mais bonita dos que te conheço.

CMondim said...

Grata :)

Na verdade, ontem chamou-me a atenção o cantar de um passarinho e quando procurei de onde vinha o som deparei-me com um passarinho numa gaiola. Assaltou-me de imediata uma vontade de escrever algo e eis o resultado.

bjs

Unknown said...

Conheço muitos passarinhos que vivem confinados ao espaço asfixiante da sua gaiola...
Viva a liberdade!

Joana Roque Lino said...

Carla,

A imagem final é de uma beleza extraordinária.

Bjs