Friday, January 19, 2007

Abandono

Perco o olhar num horizonte sem fim
De um fim de tarde tépido.
As cores quentes do rosa e do azul celeste,
A esmorecer,
Apaziguam-me o espírito.
A tranquilidade dual do oceano irreverente
Transporta-me numa viagem
Que me dá asas.
Voo, vivo um sonho,
Leio poemas nas flores,
Sinto música no ar.
Sorvo a vida num instante,
Como a chama do amante
No leito que deita o pecado.
Tudo é perfeito na sua definição de ser,
Tudo pode ser amado.
Até a natureza morta...
O amarelecer das folhas,
Convidam a um olhar parado
Sobre o segredo que vive atado
Na sua vida quase a morrer.
Vivo o sonho, vivo o encanto,
Sem a dor do pranto
Em que me revolvo
Quando não consigo chegar a ti.
Mas hoje está sol,
E ao longe um farol,
Avisa-me que,
em dias de tempestade.
Estará lá,
para me conduzir ao meu porto seguro.
Por isso me abandono,
Ao sabor do fruto maduro
Do teu abraço.

Lisboa, 19 de Janeiro de 2007

Carla Mondim

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